SEJAM MUITO BEM VINDOS!

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Jogos de computador para cegos
Submetido em Sábado, 05/08/2006 - 21:24 por Faial
Com o tema:

Não sei se esta é uma realidade conhecida pela maioria de entre vós mas decidi escrever este artigo para dar a conhecer e talvez para orientar alguns possíveis novos interessados para este novo mundo que é uma fonte de bem-estar que nos transmite um sentimento de muita igualdade principalmente para os jovens como eu!
Eu em criança, como muitas crianças cegas tinha sempre o desejo incontrolável de ser igual aos outros e de fazer tudo o que os meus amigos faziam. Nessa altura todas as crianças passavam muito tempo a jogar computador e eu claro não conseguia.
Mas agora tudo mudou, muitos produtores (a maioria de países anglo saxónicos) criaram o fenómeno dos “acessible games” ou seja jogos que são totalmente acessíveis para pessoas sem visão.E porquê? Simplesmente porque estes são jogos totalmente áudio onde a informação é totalmente sonora.
Para começar gostaria de indicar um site que digamos é o site da comunidade de jogadores e produtores de jogos para cegos:www.audiogames.netEste site (de língua inglesa) tem informação sobre todos os jogos existentes bem como descrições e links para o download dos mesmos. É uma excelente fonte para principiantes porque tem tudo o que devemos saber para nos orientarmos consoante os nossos gostos.
Não vou aqui dizer nem descrever os tipos de jogos que existem porque precisaria de escrever um artigo muito longo que poderia ser algo monótono mas diria para dar uma ideia que existem em versão áudio todos os tipos de jogos que existem para as pessoas com visão.
Em seguida vou citar um portal que tem um excelente jogo que é um simulador de corridas que está traduzido em português. O jogo chama-se Top Speed 2 e pode ser encontrado em:www.playinginthedark.net
Outros jogos que são muito interessantes podem ser encontrados em páginas como:www.kitchensinc.netwww.pb-games.comwww.vipgameszone.comwww.gmagames.comwww.lighttechinteractive.comwww.l-works.net
Existem muitos outros mas não seria interessante indicá-los todos porque seria uma lista interminável: apenas falei naqueles que me parecem ser os melhores. Se o tema interessar volto a escrever com mais informações.
Antes de terminar gostaria de mencionar um jogo on-line que está a ganhar cada vez mais adeptos que é um jogo que não é especificamente pensado para cegos mas que é perfeitamente acessível para os nossos leitores de ecrã e ainda por cima está traduzido em muitas línguas entre as quais o português. Neste jogo totalmente gratuito que é jogado no browser da Internet, somos um treinador de uma equipa de futebol e acompanhamos a nossa equipa na liga contra outros utilizadores. Joga-se emwww.hattrick.org
Espero que as informações tenham sido úteis e desejo a todos muito divertimento e lazer porque também merecemos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Educação Inclusiva no Brasil, Sonho ou Realidade?

Elizabet Dias de Sá.

Nesta exposição, procuro apontar alguns desafios e polaridades que permeiam o discurso e a ação de todos aqueles que estão envolvidos com a problemática da educação inclusiva no Brasil. Não tenho a pretensão de validar teoricamente as constatações e inferências construídas a partir da vivência de pessoa cega e do engajamento político em diversos setores do poder público e da sociedade. Os fenômenos e situações focalizados são indicadores da polaridade entre educação inclusiva e educação especial.
Nesta perspectiva, procuro destacar os principais problemas, dificuldades e impasses presentes no quotidiano do trabalho com pais, educadores, especialistas, gestores de políticas públicas e outros atores sociais. Ao traçar este panorama, apresento um breve relato de experiência com o objetivo de estimular a reflexão acerca dos meandros e sutilezas do universo humano diante do complexo movimento de sujeição ou de transformação da realidade.
O discurso acerca da inclusão de pessoas com deficiência na escola, no trabalho e nos espaços sociais em geral, tem-se propagado rapidamente entre educadores, familiares, líderes e dirigentes políticos, nas entidades, nos meios de comunicação etc. Isto não quer dizer que a inserção de todos nos diversos setores da sociedade seja prática corrente ou uma realidade já dada. As políticas públicas de atenção a este segmento, geralmente, estão circunscritas ao tripé educação, saúde e assistência social, sendo que os demais aspectos costumam ser negligenciados.
A educação destas pessoas tem sido objeto de inquietações e constitui um sistema paralelo de instituições e serviços especializados no qual a inclusão escolar desponta como um ideal utópico e inviável. A saúde limita-se à medicalização e patologização da deficiência ou à reabilitação compreendida basicamente como concessão de órteses e próteses. A assistência social traduz-se na distribuição de benefícios e de parcos recursos, em um contexto de miséria e de privações, no qual impera a concorrência do assistencialismo e da filantropia. Em cada um destes setores, o foco do atendimento privilegia uma certa dimensão do contexto de vida familiar, comunitário e social.
Para a educação, o sujeito com deficiência é um "aluno especial", cujas necessidades específicas demandam recursos, equipamentos e níveis de especialização definidos de acordo com a condição física, sensorial ou mental. No âmbito da saúde, o mesmo aluno é tratado como "paciente", sujeito a intervenções tardias e de cunho curativo, enquanto no campo da assistência social ele é um "beneficiário" desprovido de recursos essenciais à sua sobrevivência e sujeito a formas de concessão de benefícios temporários ou permanentes de caráter restritivo.
O que se observa, nestes setores, são ações isoladas e simbólicas ao lado de um conjunto de leis, projetos e iniciativas insipientes e desarticuladas entre as diversas instâncias do poder público. Em todos os casos, percebemos uma concepção de sujeito fragmentado, incompleto sem a necessária incorporação das múltiplas dimensões da vida humana. Existe uma teia de contradições e um fosso entre o discurso e a ação, pois o mundo continua representado pelo "nós, os ditos normais" e "eles", as pessoas com deficiência.
Tais observações podem parecer pouco otimistas, e talvez o sejam, por representarem a perspectiva de quem tem a experiência da exclusão atravessada nas cenas do quotidiano e nos descaminhos da própria existência. Dificilmente, conseguimos abordar esta realidade sem exaltações ou animosidades, pois o tema tem suscitado debates calorosos que trazem em seu teor concepções divergentes e acentuam o antagonismo entre educação especial e inclusiva.
Via de regra, deparamos com argumentos que se justificam pela análise do óbvio, isto é, pela explicitação das dificuldades e limitações vivenciadas no contexto do sistema escolar e no ambiente da sala de aula. Os professores do ensino regular ressaltam, entre outros fatores, a dura realidade das condições de trabalho e os limites da formação profissional, o número elevado de alunos por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar "alunos especiais" ou diferentes. Os professores da educação especial também não se sentem preparados para trabalhar com a diversidade do alunado, com a complexidade e amplitude dos processos de ensino e aprendizagem. A formação destes profissionais caracteriza-se pela qualificação ou habilitação específicas, obtidas por meio de cursos de pedagogia ou de outras alternativas de formação agenciadas por instituições especializadas. Nestes cursos, estágios ou capacitação profissional, esses especialistas aprenderam a lidar com métodos, técnicas, diagnósticos e outras questões centradas na especificidade de uma determinada deficiência, o que delimita suas possibilidades de atuação.
Além disso, constatamos o receio, a insegurança e a resistência dos pais que preferem manter os filhos em instituições especializadas temerosos de que sejam discriminados e estigmatizados no ensino regular. Muitos deles desistiram por terem ouvido tantas vezes que não havia vaga para o seu filho naquela escola ou que o melhor para ele é uma escola especial. Outros insistem por convicção ou simplesmente por se tratar da única opção no local de moradia da família, pois existem os que estão fora da escola pelas razões aqui apontadas.
Os representantes de instituíções e serviços especializados reagem ao risco iminente de esvaziamento ou desmantelamento destas estruturas. Trata-se de um campo de tensões no qual se manifestam o espírito corporativista e a con(fusão) entre as estruturas e os sujeitos nelas inseridos, o que dificulta a reflexão e o aprofundamento do debate. Esta realidade caótica evidencia um confronto de tendências opostas entre os adeptos da educação inclusiva (em escolas comuns) e os defensores da educação especial (escolas especializadas em determinada deficiência).
Por outro lado, constatamos uma inegável mudança de postura, de concepções e atitudes por parte de educadores, pesquisadores, de agentes sociais, formadores de opinião e do público em geral. Estas mudanças se traduzem na incorporação das diferenças como atributos naturais da humanidade, no reconhecimento e na afirmação de direitos, na abertura para inovações no campo teórico-prático e na assimilação de valores, princípios e metas a serem alcançadas. Trata-se, portanto, de propor ações e medidas que visem assegurar os direitos conquistados, a melhoria da qualidade da educação, o investimento em uma ampla formação dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a previsão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras possibilidades. Nesta perspectiva se potencializa um movimento de transformação da realidade para se conseguir reverter o percurso de exclusão de crianças, jovens e adultos com ou sem deficiência no sistema educacional.

Uma Outra Realidade.

Recentemente participei de uma atividade com alunos de 06 e 07 anos, em duas turmas do primeiro ciclo de uma escola da rede privada de Belo Horizonte. Tratava-se da culminância de um projeto no qual estes alunos exploravam os cinco sentidos. Meu papel era o de explicitar as possibilidades de discriminação tátil, auditiva, gustativa e olfativa, considerando-se a ausência da visão. As crianças fizeram perguntas e comentários com interesse e curiosidade. Perguntaram como fiz para chegar na escola e em casa, se sabia como era a sala de aula, como faço para combinar as cores, contar o dinheiro e trabalhar. As crianças e os adultos são igualmente curiosos e costumam ter as mesmas indagações. Mas, elas perguntam de forma espontânea, direta e sem rodeios.
Ao responder às perguntas dos alunos, estabeleceu-se uma interação lúdica e investigativa caracterizada pela troca de informações e pelo exercício de descrição dos objetos, das pessoas e do ambiente da sala de aula. Em dado momento, um deles perguntou se eu podia dirigir; ouvi um coro de "não" e, no fundo da sala, uma voz solitária repetia "pode sim", motivando uma alvoroçada contestação.
Era Pedro que parecia ter uma opinião bem diferente. Sugeri que ele nos explicasse como é possível dirigir sem enxergar. Ele explicou:- Se tiver um aparelho, tipo um robô que fala pra ela virar pra esquerda, pra direita, pra trás, prá frente, fazer a curva... A explicação provocou risos.
Comentei que Pedro era uma criança cheia de imaginação e que, quando eu tinha a idade dele, não sabia que existia computador e nem desconfiava que um dia os computadores poderiam falar. O tempo passou e tenho um computador que fala e lê para mim tudo que aparece escrito na tela. Conclui que quando Pedro tiver a minha idade, talvez seja mesmo possível uma pessoa cega fazer coisas que não conseguimos imaginar atualmente.
A conversa continuou animada e do computador chegamos ao sistema braille. Aproveitei para explicar que no tempo dos avós de seus avós era muito difícil acreditar que uma criança cega podia brincar e estudar em uma escola junto com as outras crianças. Contei que, naquele tempo, em um país bem longe do Brasil, havia um garoto esperto, inteligente e curioso como todas as crianças e considerado diferente porque não enxergava. Seu nome era Louis Braille e ele gostava muito de estudar. Depois de muito pensar e tentar, descobriu uma maneira de transformar as letras e os números em um conjunto de pontos e, assim, criou o Sistema Braille, uma forma de ler e escrever com as mãos. ele conseguiu o que parecia impossível: converter seu sonho em realidade.
Não espero de todos uma capacidade criativa e prodigiosa como a de Louis Braille,mas desejo para todos o despojamento de Pedro, no sentido de vivermos o tempo presente em sintonia com as inesgotáveis possibilidades do conhecimento e convencidos das potencialidades humanas. Talvez assim fosse mais simples converter em realidade o sonho de uma escola para todos.
Elizabet Dias de Sá.Fonte: palestra apresentada na 6ª Jornada de Educação Especial "A Educação no Terceiro Milênio: Espaço para Diversidade", realizada de 03 A 06 DE JUNHO DE 2003 - Faculdade de Filosofia e Ciência - UNESP-Marília.
Tecnologia, Educação e Deficiência Visual

Revista Presença Pedagógica.
Nº. 75 - 17/05/2007 - pág. 40.
Reportagem: Marita Andrade.

Primeiro foi o braille, agora é a informática que traz mudanças importantes nas interações sociais e na vida escolar de crianças e jovens com deficiência visual.
Um estudante de 26 anos faz as provas e outros trabalhos escolares por meio do computador. Ele utiliza o correio eletrônico, o Skype e o MSN para enviar e receber arquivos, tirar dúvidas e resolver questões de Português e de Matemática com seus professores em uma escola de ensino regular noturno. Esse aluno é cego e, por essa razão, havia desistido de estudar na 5ª série do Ensino Fundamental. Ele retomou os estudos em 2005, depois de se tornar usuário do Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual de Belo Horizonte (CAP/BH), que mantém uma Escola de Informática e Cidadania, a EIC. Quem faz esse relato é a psicóloga e educadora Elizabet Dias de Sá, coordenadora do CAP/BH. Ela conta que outros jovens e adultos cegos ou com baixa visão usam os computadores da EIC para ler jornais, realizar pesquisas acadêmicas, fazer inscrição em concursos públicos, verificar resultados, ou simplesmente para treinar a digitação. Uma das alunas, que é judoca e tem baixa visão, acompanhou pela internet o noticiário das paraolimpíadas.
A maioria desses usuários não tem condições de comprar um computador. "A informática, como o braille, entrou na vida das pessoas cegas como um vertiginoso meio de integração social, abrindo um horizonte infinito de informação, educação, cultura, mercado de trabalho e comunicação", diz Marco Antônio de Queiroz, participante do Grupo de Trabalho da Associação Brasileira de Normas Técnicas para Acessibilidade aos Meios de Comunicação. Com os editores de texto, ledores de tela e sintetizadores de voz conjugados, pode-se trocar e-mails com pessoas de qualquer parte do mundo, ler jornais internacionais ou brasileiros e livros que foram escaneados. Marco Antônio lembra, porém, que a informatização depende de recursos financeiros individuais das pessoas com deficiência, da atualização das instituições que se dedicam à deficiência visual e das faculdades e escolas regulares. "A tecnologia torna um indivíduo cego muito mais habilitado a tarefas antes impossíveis. A dificuldade maior está na sociedade perceber essa evolução e acreditar mais em nossa participação!", diz Marco Antônio.
Renovação Pedagógica.

De aluno "rebelde" a professor de História ousado, Arnaldo Godoy teve uma passagem marcante no Instituto São Rafael, escola estadual que há 81 anos atende alunos com deficiência visual em Minas Gerais. No final dos anos 70, Godoy passou a levar os alunos para as ruas de Belo Horizonte para que eles entrevistassem moradores de rua e prostitutas. "Percebi que os alunos estavam escondidos da sociedade. Eles precisavam conhecer outras realidades. Além disso, a cidade precisava saber que o Instituto São Rafael era uma escola como outra qualquer e que seus alunos também fazem pesquisas e participam da vida em sociedade", explica.
Godoy lembra que muitos se assustaram e foram contra, mas uma supervisora o apoiou, sem falar nos alunos que adoraram a oportunidade de vivenciar novas experiências.
Arnaldo Godoy contribuiu para a politização da comunidade escolar e iniciou na instituição a discussão de temas como cidadania e direitos da pessoa com deficiência. Hoje, vereador pelo PT em Belo Horizonte, ele continua atento às causas da educação, cultura, juventude e, claro, da deficiência. Mas ressalta que não defende nenhum tipo de protecionismo: "A proteção desprotege e a caridade castra", acredita. Ele argumenta que a superproteção tira a vontade de lutar por direitos e leva à falta de compromisso.
Arnaldo Godoy conta que a família teve um papel determinante em sua vida exatamente porque não o superprotegeu. "Minha infância foi numa casa cheia de gente: pai, mãe, oito irmãos, avós, primos, vizinhos... Eu não podia me fazer de vítima e tinha que lutar diariamente pelo colo de cada dia. Até nas nossas brincadeiras não existia superproteção e hoje vejo como isso foi positivo para meu crescimento", revela.
Da mesma forma, professores devem ficar atentos. Muitas vezes, com o objetivo de incluir os alunos com deficiência, acabam superprotegendo-os, o que não contribui em nada para sua inclusão. Arnaldo Godoy diz que o papel da escola é oferecer apoio para que os alunos cresçam como cidadãos e lutem por sua autonomia.
Ele também ressalta que é impossível falar em educação inclusiva sem falar em qualidade no ensino, pois uma educação de qualidade é o primeiro passo para que a inclusão aconteça. "A qualidade está diretamente ligada à inclusão", defende.

Lendo com as mãos.

Encontrar práticas pedagógicas que contribuam para o sucesso de alunos com deficiência visual é a busca de muitos educadores. Um desafio que Vânia Dias, professora de química da Escola Estadual Maurício Murgel, em Belo Horizonte, se dispôs a enfrentar. Cíntia Rodrigues, 19 anos, aluna com deficiência visual, diz que uma das dificuldades encontradas é com os conteúdos de Química ligados às cores e gráficos. Mas com o empenho da professora Vânia, tudo vem ficando mais fácil. Conversando com os alunos com deficiência visual sobre como percebiam as coisas e como aprenderam conteúdos em anos anteriores, Vânia conseguiu adequar os conteúdos de Química às condições dos alunos. Ela conta que também procurou o Instituto São Rafael e a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais em busca de formas alternativas para trabalhar. A partir daí, ela começou a esboçar gráficos em alto relevo, usando areia e outros materiais com superfícies diferenciadas e a transformar cores em texturas, para que, através do tato, eles visualizassem uma determinada cor. "Com a água e o óleo também foi assim. Quando colocavam o dedo, eles percebiam que ali havia duas texturas diferentes e assim pude associar as fases do líquido", exemplifica a professora. Vânia comenta que o trabalho fluiu melhor e ficou mais interessante inclusive para os outros alunos. A linguagem usada dentro de sala também começou a ser adequada. "Parei de falar: 'vocês estão vendo isso aqui no quadro?'", conta. A diretora da Maurício Murgel, Sônia Marinho Resende, diz que trabalhar com todo tipo de diversidade é motivador e desafiante e que o sucesso também depende da criatividade e do empenho de toda equipe da escola.

Rede de informações.

A Rede Saci é uma rede de informações sobre deficiência que promove discussão, bate-papo, publica artigos e divulga materiais de acessibilidade. O site da Rede também auxilia professores a trabalharem com a inclusão de alunos. As principais ferramentas de atuação da Rede são a internet e os Centros de Informação e Convivência (CICs), situados nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Uberlândia. Educadora e coordenadora da Rede Saci, Ana Maria Barbosa conta que o Observatório de Educação Inclusiva representa um espaço democrático em que professores, família, alunos e pais se reúnem para trocar experiências sobre inclusão.
Os resultados desses encontros foram sistematizados em uma espécie de cartilha voltada para o professor. O livro, editado pela Imprensa Oficial de São Paulo, chama-se "Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso" e pode ser baixado no site www.saci.org.br gratuitamente. A Rede Saci pretende dar continuidade ao livro produzindo outros volumes específicos por faixa etária dos alunos. "Essa é uma das contribuições que queremos oferecer à capacitação dos professores", adianta Ana Maria.

Dicas de livros para professores disponíveis na Rede Saci.

Acessibilidade. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Corde, 2005.
Educação inclusiva: o que o professor tem a ver com isso? Rede Saci, 2006.
MITTLER, Peter. Educação Inclusiva - contextos sociais. Artmed Editora, 2003.
AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença/deficiência. Rede Saci.
Sites sobre educação e deficiência
www.planetaeducacao.com.br
www.bancodeescola.com
www.bengalalegal.com

Educação e Tecnologias Assistivas.

Uma boa dose de criatividade por parte dos professores pode fazer com que soluções simples facilitem o aprendizado do aluno. Exemplos? A fita adesiva que fixa o papel na carteira, para que o aluno com deficiência motora possa escrever sem que a folha escorregue, um jogo da memória feito com relevo para os alunos cegos ou softwares que lêem em voz alta o que está escrito na tela. Tudo isso pode ser chamado de tecnologia assistiva, ou seja, toda e qualquer ferramenta ou recurso utilizado com a finalidade de proporcionar maior independência, autonomia, qualidade de vida e inclusão social da pessoa com deficiência.
O Censo Escolar 2006, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), contabilizou 375.488 matrículas de alunos com deficiência na Educação Básica e um crescimento de 76,4% no atendimento em classes comuns. Isso indica que a educação inclusiva no Brasil vem se ampliando. Do total de matrícula, 17,6% correspondem à Educação Infantil, 65,4% ao Ensino Fundamental, 1,7% ao Ensino Médio e 15,3% à Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional. Os dados também mostram que o acesso ao Ensino Superior ainda é um privilégio de poucas pessoas com deficiência. Há cerca de 5.392 matrículas, sendo que 1.665 correspondem aos alunos com deficiência visual. É bom lembrar que a maior parte se concentra nas instituições privadas.
Inclusão no Brasil.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há no Brasil 24,6 milhões de pessoas com deficiência. Apenas 9 milhões estão inseridas no mercado formal de trabalho. Nas ruas, os cegos ainda vendem bilhetes de loteria e muitos cadeirantes vendem balas ou pedem esmola. A maior parte não teve acesso à educação.
Por muitos anos, as pessoas com deficiência estiveram à margem da sociedade, num processo de segregação. Até a década de 70 do século XX, a escola seguia o modelo da integração, ou seja, aceitava somente os alunos que tivessem condições de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos alunos. Considerava-se que a deficiência era um problema que estava na pessoa e, portanto, era ela que precisava ser habilitada, reabilitada e educada para se tornar apta para satisfazer os padrões aceitos no meio social.
Os que não estivessem "prontos" para a escola precisavam ser preparados numa classe especial ou numa escola especial. A partir dos anos 80, esse modelo começou a ser questionado e, nos anos 90, o conceito de inclusão começou a ganhar força. Escolas, empresas e espaços públicos devem estar preparados para acolher as pessoas com deficiência: sem barreiras arquitetônicas e com mobiliário adaptado. Mais que isso, todos devem estar preparados para encontrar alternativas que favoreçam a inclusão das pessoas com deficiência.
Assim Caminha a Humanidade.
1948 - Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU) estabelece que os direitos humanos são os direitos fundamentais de todos os indivíduos. Todas as pessoas devem ter respeitados os seus direitos humanos: direito à vida, à integridade física, à liberdade, à igualdade, à dignidade, à educação.
1975 - Declaração Universal dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU) estabelece os direitos de todas as pessoas com deficiência, sem qualquer discriminação.
1980 - Carta para a década de 80 (ONU) estabelece metas dos países membros para garantir igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com deficiência.
1983-1992 - Década das Nações Unidas para as pessoas com deficiência, para que os países membros adotem medidas concretas para garantir direitos civis e humanos.
1990 - Conferência Mundial sobre Educação para Todos (ONU) aprova a Declaração Mundial sobre Educação Para Todos (Conferência de Jomtien, Tailândia) e o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem; promove a universalização do acesso à educação.
1993 - Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência (ONU) estabelece padrões mínimos para promover igualdade de direitos (direito a educação em todos os níveis para crianças, jovens e adultos com deficiência, em ambientes inclusivos).
1994 - Declaração de Salamanca - Princípios, Política e Prática em Educação Especial proclamada na Conferência Mundial de Educação Especial sobre Necessidades Educacionais especiais reafirma o compromisso para com a Educação para Todos e reconhece a necessidade de providenciar educação para pessoas com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino.
1993 - Declaração de Manágua - 39 países das Américas exigem a inclusão curricular da deficiência em todos os níveis da educação, formação dos profissionais e medidas que assegurem acesso a serviços públicos e privados, incluindo saúde, educação formal em todos os níveis e trabalho significativo para os jovens.
2007 - Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (ONU) para promover e assegurar os direitos humanos e liberdade fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência.
UM POUCO DE LEGISLAÇÃO
Contribuição do colega João....TRABALHOLEI FEDERAL Nº 8.112 DE 11/12/90- vagas de trabalho para 20% para deficientes;- direito a increver-se em concurso público desde que os cargos sejam compatíveis com a sua deficiência apresentada.ELEITORALRESOLUÇÃO TSE Nº 14.653 DE 29/09/98- cédula própria para o voto de eleitor deificiente visual analfabeto.EDUACAÇÃODECRETO ESTADUAL Nº 38.641 DE 17/05/94- institui o programa de atendimento no deficiente visual em idade escolar;- alunos com cegueira e visão subnormal terão garantidos instrumentos necessários para o acesso ao conteúdo.LEI FEDERAL Nº 9.394 DE 20/12/96- haverá serviço de apoio especializado, na escola regular para atender portadores de deficiências;- oferta de educação especial a partir dos 6 anos.RESOLUÇÃO Nº 95 DE 21/11/200- no Art. 2º aos alunos de 1ª série podem ser matriculados em classes comuns do ensino regular;- as instituições de ensino superior, tem o compromisso formal de proporcionar para seus alunos com deficiência visual, caso seja solicitado, desde o acesso até a conclusão do curso, uma sala de apoio equipada.LEI FEDERAL Nº 9.045 DE 18/05/95- as editoras deverão permitir a reprodução de obras em braille, por elas editadas sem qualquer remuneração, desde que haja concordância dos atores.
INARA RAUPP

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Existe uma estória que foi construída em torno da dor da
diferença: a criança que se sente não bem igual às outras,
por alguma marca no seu corpo, na maneira de ser...
Esta, eu bem sei, é a estória para ser contada também para
os pais.Eles também sentem a dor dentro dos olhos. Alguns
dos diálogos foram tirados da vida real.
Ela lida com algo que dói muito: não é a diferença, em si
mesma, mas o ar de espanto que a criança percebe nos
Olhos dos outros(...)
O medo dos olhos dos outros é sentimento universal.
Todos gostaríamos de olhos mansos...
A diferença não é resolvida de forma triunfante, como na
estória do Patinho Feio.
O que muda não é adiferença.
São os olhos...
Rubem Alves . (1987)
Olá gurias,
Passando pelos corredores da escola, li uma frase de um trabalho que os alunos fizeram para a mostra de Ciências Humanas que despertou muito a minha atenção: somente se todos fossem cegos as coisas seriam vistas como verdadeiramente são! É a questão do olhar abordada pela colega Inara e que é transmitida no livro "Emaranhado da Maçaroca". A beleza das coisas está nos olhos de quem vê, assim como o preconceito, no entanto os nossos olhos infelizmente não captam a só as nossas próprias percepções: eles vem carregados de pré-conceitos arraigados por nós ao longo de nossas vidas, que nos levam a ver o diferente como errado ou coitado!
Bom dia para nós! Que possamos nos despir de nossos preconceitos.
Beijos, Angela
Ver Vendo

De tanto ver, a gente banaliza o olhar – vê... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é: o que nos é familiar, já não desperta
Curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe perguntar o que você vê no caminho, você não sabe.
De tanto ver você banaliza o olhar...
(...)
O hábito suja os olhos e baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver:
Gente, coisas, bichos... E vemos? Não, não vemos!
Uma criança vê o que um adulto não vê.
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo.
O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê.
Há pai que raramente vê o filho. Marido que nunca viu a própria mulher.
E, no nosso caso, professor que nunca viu o aluno,
Que não percebe as diferenças em sua classe.
Que vê seu grupo como algo uniforme.
Que não aceita ver o que se difere (isso dá trabalho!)
Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos.

... é por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Otto Lara Rezende
Adaptado por Ângela Roswag